Ao longo de seu pontificado, o Papa Francisco foi um defensor consistente de uma vitivinicultura baseada em valores éticos, sustentáveis e voltados à inclusão social. Para ele, o vinho representava mais do que um produto agrícola ou econômico: era símbolo de convivência responsável, vínculo com a terra e expressão cultural profunda.
Em janeiro de 2024, Francisco recebeu mais de cem produtores italianos em uma audiência organizada pela Veronafiere, promotora da feira Vinitaly. Na ocasião, destacou a importância do setor vitivinícola na construção de um modelo de produção que respeitasse o meio ambiente, valorizasse o trabalho digno e incentivasse hábitos de consumo conscientes.
Inspirado por São Francisco de Assis, enfatizou a necessidade de sensibilidade e honestidade no cultivo da vinha, considerando o vinho uma “fonte de alegria para o coração do homem”.
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A relação do Papa Francisco com vinho
Sua relação com o universo do vinho também era pessoal. Filho de imigrantes italianos do Piemonte — uma das regiões vinícolas mais tradicionais da Itália — Francisco guardava lembranças afetivas da viticultura familiar. Logo após sua eleição, em 2013, o então bispo de Asti presenteou-o com uma garrafa de Grignolino, variedade cultivada por seu avô, em gesto simbólico que reforçou esse laço.
O Papa também apoiou iniciativas concretas voltadas à sustentabilidade, como o projeto “Borgo Laudato Si’”, em Castel Gandolfo. A proposta incluía o cultivo de videiras resistentes a fungos e a participação de pessoas em situação de vulnerabilidade, integrando práticas agrícolas inovadoras com compromisso social e ambiental.
Em sua introdução ao livro Toma um pouco de vinho com moderação, Francisco defendeu a sobriedade cristã como caminho de equilíbrio, respeito aos próprios limites e apreciação consciente da vida.
Com sua visão humanista e espiritual profundamente conectada à terra e à cultura, o Papa Francisco deixou um legado que valorizou o vinho como expressão de responsabilidade, partilha e cuidado com a criação.