O termo ‘terroir’ é bastante falado quando se trata de vinho, até mesmo citado na descrição de um rótulo. Mas você sabe o que significa? A palavra tem origem francesa, sem tradução para outros idiomas. Faz lembrar terra, território, mas não é só isso.
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Na definição da Larousse, terroir é o conjunto de terras de uma região, consideradas do ponto de vista de sua aptidão agrícola e de fornecimento de um ou mais produtos característicos. É um nome dado não só para vinhos, mas também queijos, embutidos, geleias, especiarias, mel e outros alimentos. O que eles tem em comum é o respeito pela qualidade e pela identidade de seu lugar de origem, que faz cada produto ser reconhecido como único e como referência de qualidade.
No caso do vinho, o Le Guide de Vins de France, define terroir como um conjunto de vinhedos, ou vinhas, de uma mesma região e de denominação de origem, que compartilham do mesmo tipo de solo, condições climáticas, variedades de uvas e do saber fazer do produtor que dão aos vinhos uma especificidade única.
Entendendo o conceito
É importante que esteja claro que terroir não é simplesmente uma região, mas também onde se combinam características muito particulares. Terroir não é um padrão, é algo que diferencia um vinho dos demais por sua qualidade e identidade, deixando evidente na taça que o vinho é daquele lugar.
Além disso, este lugar especial precisa ter sido abençoado com características únicas. Tudo começa no solo, se é do tipo pedregoso, granítico, arenoso, calcário ou argiloso. Mas é sobretudo o seu subsolo, sua permeabilidade e composição que permitem a penetração mais superficial ou mais profunda das raízes, determinando como a planta será suprida de água e nutrientes. Para o bom vinho se diz que é necessário que a vinha penetre profundamente na terra para buscar o nutriente e a água que precisa. Quando em abundância, como nos solos férteis, estes elementos geram alta produtividade da planta. Mas o bom para a uva que faz bom vinho é que a produtividade seja baixa para uma maior concentração de qualidade nos frutos.
Topografia também é importante, se o relevo é mais plano ou mais inclinado, permitindo ampla exposição ao sol para melhor insolação das plantas, para ventilação e para drenagem das águas da chuva, desenvolvendo frutos sadios e com maturação completa.
Outro componente que determina o terroir é o clima. Tem a ver com regime de chuvas que, seja em demasia ou ausência, vai prejudicar as vinhas e determinar inclusive se em algumas regiões será necessária a irrigação, onde sem ela seria impossível o cultivo das vinhas.
Também tem tudo a ver com a amplitude térmica, diferença de temperatura entre dia e noite que, quanto maior, melhor, favorecendo o pleno desenvolvimento de todos os elementos importantes da uva, como teor de açúcar, ácidos, polifenóis e elementos de cor (antocianos). E com a luminosidade também, a quantas horas diárias de sol a planta ficará exposta durante as fases de brotação e amadurecimento para que possa realizar o fundamental processo da fotossíntese.
As regiões ideais para produção de vinhos está entre os paralelos 30º e 50º, tanto ao norte quanto ao sul do planeta. E mesmo esta condição tem seus caprichos quando se trata de terroir.
E fora esses fatores naturais, o trabalho humano também influencia, o conhecimento de todos estes elementos de cada terroir para que possa manejar o vinhedo de forma a tirar dele a melhor matéria prima e para dela fazer o bom vinho, aquele que terá a identidade deste lugar.
O vinho de terroir na taça
É fácil reconhecer um vinho de terroir quando ele estiver na sua taça. Ele surpreende e instiga, trazendo algo novo, que talvez não tivesse sido ainda degustado. Quando ele não se parece com nada que já tomou antes, ou quando os vinhos que toma fazem lembrar daquele que sempre volta a lembrança como a grande referencia.
Não é um vinho comum, que você já sabe o que vai sentir e que nem surpreende mais. Vinho de terroir é aquele vinho que ninguém fica indiferente e te cativa.
Fonte: Sonoma