Ao explorar o mundo dos vinhos, é comum deparar-se com a expressão “mineral”. Utilizada por enólogos e apreciadores, essa terminologia muitas vezes é usada para transmitir uma qualidade distintiva que vai além dos sabores de frutas e das características tradicionais do vinho.
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Quando um vinho é descrito como “mineral”, estamos nos referindo a características sensoriais que evocam elementos terrosos, pedregosos e, por vezes, até salinos.
Não existe exatamente uma indicação objetiva e clara para explicar a mineralidade nos vinhos. No entanto, eles existem e seus aromas e sabores são minerais, ou seja, não são frutados, nem herbáceos, mas remetem a pedra, seixo, giz e talvez metal.
“Para mim, o aroma característico da mineralidade muitas vezes lembra o sol quente nas pedras do rio ou a chuva quente nas pedras”, resume Harvey Steiman, editor da revista Wine Spectator.
“Realmente não sabemos exatamente como as fermentações podem transformar as uvas em sabores reconhecíveis de frutas, flores e especiarias, mesmo que não estejam presentes nas uvas cruas. Mas certas moléculas aromáticas encontradas no vinho são as mesmas que nos identificam cerejas, rosas ou canela. A pesquisa pode eventualmente determinar quais moléculas ou compostos químicos produzem mineralidade. Mas sabemos que os minerais dos solos afetam a química das uvas, o que pode realçar certos sabores no vinho final”, escreveu Steiman.
Segundo João Soares, enólogo da renomada vinícola portuguesa Caves Messias, diversos elementos desempenham um papel crucial na formação dos aromas minerais encontrados no vinho. Entre eles estão os solos de granito e xisto, o cultivo de uvas específicas como a Encruzado portuguesa, regiões com climas mais frios ou influência Atlântica, e o meticuloso processo de vinificação.
Em suma, a característica “mineral” de um vinho é muito peculiar e distinta, sendo subjetivas e variáveis de acordo com as experiências e impressões individuais de quem degusta.