Portugal é o país com o maior consumo de vinho. São 62 litros por habitante por ano. A França ocupa a segunda posição, com 50 litros anuais por habitante, seguida da Itália, com 44 litros. E o Brasil? Por aqui, parece haver uma fronteira intransponível dos míseros 2 litros. Estamos sempre beirando este patamar, para desespero dos produtores e dos importadores.
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Tabulados os dados de 2019, no entanto, veio a surpresa. Chegamos aos 2,13 litros de vinho por habitante (calculando apenas os maiores de 18 anos). É um pequeno aumento, mas que rompeu, enfim, a barreira dos 2 litros.
No ano passado, foram bebidos um total de 380,4 milhões de litros de vinho, entre os quais 69% são de rótulos nacionais, aqui incluídos os vinhos finos e também aqueles chamados “de mesa”, e 31% são de importados. Em 2018, o consumo per capita foi de 1,93 litro, o que mantinha a nossa média.
“É um recorde histórico, que aconteceu em um ano em que a economia não cresceu”, comemora Felipe Galtaroça, da Ideal Consulting, responsável pelo cálculo. Talvez por isso, além de estar bebendo (um pouco) mais, o brasileiro também está escolhendo vinhos mais baratos.
Galtaroça conta que 25% do nosso mercado é formado por garrafas vendidas por até R$ 25 – o valor médio do vinho importado, no ponto de venda, é de R$ 60. Se pensarmos em todos os custos que incidem sobre uma garrafa, como imposto de importação, frete, rótulos etc. e etc., estamos bebendo brancos e tintos que raramente superam o preço de US$ 2 na vinícola.
Uma análise do portfólio das empresas mostra a forte tendência em apresentar para o consumidor as opções mais básicas de cada vinícola, o que deve ganhar força neste ano. Assim como tendem a crescer os rótulos elaborados especialmente para o mercado brasileiro, não raro com um teor mais frutado e até adocicado.
A desvalorização do real frente ao dólar também deve incentivar essa tendência, já que a alta da moeda norte-americana deixa os preços mais caros aqui. O desafio é que, mesmo com a realidade econômica, o consumo não volte para baixo dos 2 litros per capita.
Fonte: Estadão