Uma substância presente no vinho pode estar associada a uma redução na perda de memória e no declínio cognitivo. É o que mostra um novo estudo, publicado na revista científica Neurology por pesquisadores do Centro Médico da Universidade Rush, nos Estados Unidos. O composto em questão é o flavonol, pertencente à classe dos flavonoides, um bioativo que já mostrou ter caráter antioxidante e anti-inflamatório.
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No novo trabalho, os cientistas analisaram 961 participantes do Projeto de Memória e Envelhecimento Rush, que acompanhou idosos entre 60 e 100 anos em Chicago, nos EUA, sem diagnóstico de demência, durante um período de aproximadamente 7 anos. Por meio de um questionário alimentar, os pesquisadores monitoraram a dieta de cada voluntário, ao mesmo tempo em que conduziam anualmente uma bateria de 19 testes que avaliavam a performance cognitiva de cada um.
Eles foram divididos em 5 grupos baseado na ingestão de flavonóis, em que o mais baixo consumia cerca de 5 mg por dia; e o mais alto, 15 mg. Após ajustar os dados para descartar os fatores que influenciam o risco para perda cognitiva, como tabagismo, predisposição à doença de Alzheimer, atividade física, entre outros, os cientistas observaram que o alto consumo do composto foi de fato associado a uma redução no ritmo do declínio.
Para identificar esse impacto, os pesquisadores utilizaram uma escala que mede a cognição. Com base nos 19 testes, foi atribuída uma nota que variou de 0.5, mais alta, atribuída àqueles sem problemas cognitivos, a -0.5, índice mais baixo, associado aos casos diagnosticados de Alzheimer, por exemplo. Embora a redução dessa taxa com o passar dos anos seja algo normal no envelhecimento, o ritmo foi 0.4 unidades por década mais devagar entre aqueles que consumiam as quantidades mais altas de flavonóis.
Além do vinho, essa substância pode ser encontrada em chás e em diversas frutas e vegetais.
Algo simples como fazer escolhas alimentares específicas pode levar a uma taxa mais lenta de declínio cognitivo. Comer mais frutas e vegetais, beber mais chá é uma maneira fácil de as pessoas assumirem um papel ativo na manutenção da saúde do cérebro.
Porém, embora o vinho também seja uma bebida conhecida por conter flavonóis, os pesquisadores não incentivam o seu maior consumo, já que ultrapassar uma dose diária, equivalente a uma taça, é associado a diversos problemas de saúde, como um aceleramento do envelhecimento genético, maior risco de problemas no fígado e até mesmo impactos negativos no cérebro devido ao álcool.
Ou seja, para um melhor aproveitamento dos flavonóis, o ideal é aumentar o consumo de frutas, vegetais e chás; e manter a dose diária de uma ou duas taças de vinho.
Onde mais encontrar flavonóis?
O estudo analisou ainda quais flavonóis são melhores a partir de quatro subcategorias. A maior redução no ritmo do declínio cognitivo foi observada entre os que ingeriam mais kaempferol, tipo presente principalmente em couve, feijão, chá, espinafre e brócolis. Em segundo lugar, estava o tipo quercetina, encontrado em tomate, couve, maçã e chá.
O terceiro tipo de flavonol mais benéfico foi a miricetina, encontrada em chá, vinho, couve, laranjas e tomates. Por fim, a isorhamnetina, presente em peras, azeite, vinho e molho de tomate, não foi ligada a reduções significativas na perda da cognição.