Há diversos fatores que contribuem para o preço de um vinho; assim como há uma premissa no marketing que afirma que o custo e o preço de gôndola não estão, necessariamente, relacionados. Mas antes disso, encontramos variáveis relacionadas à produção que, inegavelmente, influenciam no preço. Os fatores a seguir não são de forma alguma exaustivos, mas caminham no sentido de explicar a diferença entre um vinho de R$ 20,00 e outro de R$ 120,00 por garrafa.
O primeiro fator é o valor da terra. Localizações privilegiadas, muitas que já adquiriram status de denominação de origem ou algum equivalente tendem a custar mais caro. Isso porque são terras onde a aptidão para o cultivo de uvas viníferas já foi comprovada cientificamente, além da influência de fatores culturais. Esses dois aspectos combinados atestam sua qualificação.
Mas só a qualidade da terra não adianta se o produtor não souber como tratar o vinhedo, utilizar o método de condução correto, aplicar as podas, a desfolha e instalar e manter um sistema de irrigação coerente com o terreno. Tudo isso implica em custo. Some a essas atividades um rendimento limitado por hectare para não prejudicar a qualidade das uvas e não diluir o sabor dos vinhos. Você já começou a perceber a diferença? Na bodega, há investimentos em equipamentos, que podem ser antigos ou de última geração, e na sua manutenção. Mão de obra especializada, assim como no vinhedo, é fundamental e faz toda a diferença, além de sistema de refrigeração e, por fim, as barricas. Barricas custam cerca de USD 800 cada uma e dependendo do resultado que se deseja alcançar com o vinho, seu tempo de utilização é bastante limitado.
Há ainda o custo seco: garrafa, rolha, cápsula, design e impressão do rótulo. A distribuição e todos os custos relacionados à comunicação também geram custo. Nesse ponto, quanto mais pesadas as estratégias de marketing, mais caro pode ser o produto, a não ser que a empresa seja suficientemente grande para gerar volume e diluir seus custos. A gigante LVMH, detentora da marca Moët & Chandon, entre outras, utilizou uma estratégia interessante para gerar volume e popularizar sua marca. Sabendo que em Champagne não conseguiria oferecer um preço acessível para seus vinhos espumantes, abriu filiais na Austrália, EUA, Argentina e Brasil para fazer espumantes locais com assinatura global. Hoje, graças a essa iniciativa, a Chandon faz sucesso no mundo.
Por outro lado, com relação ao mercado do ponto de vista de quem compra talvez o ponto nevrálgico, aquele onde o consumidor brasileiro se sente realmente aviltado, seja os impostos e margens abusivas. No primeiro caso, a solução encontra-se na coletividade e pouco o indivíduo sozinho pode fazer para mudar a situação. Quanto às margens, o consumidor é livre para frequentar os lugares que deseja e adquirir ou não os produtos que esses ofertam. Talvez seja uma proposta inteligente aproveitar promoções e fazer um pequeno estoque para a adega. Sempre, é claro, procurando conhecer o produtor e a forma como faz seus vinhos. É necessário enfatizar que um bom vinho está sempre ligado a um bom produtor. O marketing ajuda a divulgar um produto, mas conhecer vinhos novos pode surpreender e fazer bem tanto ao paladar quanto ao bolso.