Você já deve ter percebido que existe uma grande variação de valores entre rótulos de vinhos diferentes. É possível encontrar garrafas custando R$20, mas também valores que ultrapassam os R$500. Mas por que existe essa diferença tão grande?
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Uma pesquisa realizada pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) concluiu que a cotação do vinho no mercado é tão sensível quanto a do petróleo e, por isso, os preços oscilam tanto. Mas existem vários outros motivos que fazem diferença na hora de colocar preço nos rótulos. Confira:
Demanda
O primeiro grande fator vem da famosa Lei da Oferta e da Procura. Grandes vinhos geralmente são feitos em pequenas quantidades e também são muitos consumidores em potencial. Ou seja, a demanda é maior do que a oferta, o que faz com que os preços acabem subindo como uma forma de deslocar as curvas e atingir o chamado “equilíbrio de mercado”.
Além dos grandes vinhos, existem outros motivos para os rótulos terem sido feitos em pequenas quantidades, como alguma escassez relacionada a fatos históricos ou naturais. Uma praga, por exemplo, pode destruir plantações e fazer cair o número de uvas colhidas.
Tradição
A reputação da bebida pesa muito na hora da compra, o que faz com que a tradição seja um ponto importante na hora de colocar um preço no vinho. Garrafas de lugares e produtores famosos, como Bordeaux, Borgonha ou Champagne saem na frente das demais. Geralmente a qualidade está no mesmo patamar da fama do vinho, mas isso não é regra.
Economia
Fatores econômicos também modificam o preço do vinho. Além das crises mundiais, as taxas de câmbio também podem fazer um vinho barato sair caro, e vice versa.
Terroir
O local onde as uvas são plantadas – o terroir – também tem influência. Uma mesma variedade cultivada em locais diferentes produzirá vinhos diferentes. É por isso que um vinho produzido num grande vinhedo – onde o casamento entre as uvas e o meio ambiente é perfeito – é muito mais caro que os demais.
Vinhos bem ou mal avaliados por críticos renomados, como Robert Parker, por exemplo, sofrem alterações de preço
Críticas
Os vinhos também são muito suscetíveis ao peso das críticas. Comentários de críticos de vinhos renomados, como o norte-americano Robert Parker, pode fazer com que o preço vá às alturas ou ainda estagnar a venda de alguns rótulos. Tudo depende se a opinião desses críticos é positiva ou negativa.
Tributação
Todos os produtos destinados à exportação estão propensos a mais um aditivo em seu preço: as tarifas de importação. Em alguns casos essa tarifa não existe, mas em outros, como na Tailândia, adota-se um sistema de taxação que passa dos 300%. No Brasil, o valor do imposto de importação é de cerca de 20%. Para alguns países do Mercosul, como Argentina e Chile, acordos alfandegários garantem isenção (ou seja imposto zero) na entrada de produtos com certificado de origem.
Transporte e matéria-prima
As despesas no transporte e na obtenção de matéria-prima para a produção de vinho também influenciam o preço. Em comparação ao valor do produto, o custo do transporte costuma ser pequeno, mas em vinhos muito baratos (e viajando grandes distâncias), o acréscimo pode ser bem relevante.
Já nas matérias-primas estão incluídos os rótulos, fechos e vidros usados nas garrafas, que variam de preço conforme os tipos escolhidos.
Ativos
Por fim, sendo o vinho uma bebida produzida nos quatro cantos do mundo, a variação de ativos costuma ser enorme. Enquanto um hectare de terra em algumas regiões da Espanha sai por cerca de 10 mil euros, em outros lugares, como no Napa Valley, pode chegar a US$ 650 mil. Todas essas despesas também são levadas em conta na hora de fixar o valor final do vinho.