Você está bebendo mais vinho branco no verão? E espumante? Uma pesquisa realizada pela consultoria inglesa IWSR mostrou que o consumo dessas bebidas no primeiro semestre de 2024 cresceu em relação aos outros anos.
Cada vez ganhando mais espaço entre os brasileiros como opção de bebida para espantar o calor, o vinho branco está disputando o mercado com a cerveja. A tendência é a mesma para os espumantes, cujos volumes no ano passado podem registrar alta de 4% sobre 2022.
A IWSR aponta que o vinho tinto, embora ainda seja o preferido dos brasileiros, deve ter queda de 6% nos volumes em 2023. Entre 2019 e 2020, segundo a consultoria, o consumo do chamado vinho tranquilo cresceu 27%, enquanto nos anos seguintes houve queda de 6% e 7%, respectivamente. Essa desaceleração também é apontada pela Associação Brasileira de Sommeliers. O consumo per capita anual de vinho está em cerca de 2 litros, enquanto em 2020 o indicador chegou a um pico de 2,8 litros.
A expectativa é que essa popularidade dos vinhos brancos e espumantes sustente o crescimento do setor nos próximos anos. Segundo a IWSR, os espumantes subiram 24% em volume entre os anos pandêmicos de 2020 e 2021, enquanto entre 2021 e 2022 a alta acumulada foi de 12%. Ou seja, ainda há um interesse especial.
Em entrevista para o Globo, o CEO da consultoria especializada em vinhos Ideal BI, Felipe Galtaroça, aponta que a desaceleração do consumo do vinho tinto levou a uma queda também no abastecimento do mercado brasileiro. No ano passado, os estoques caíram 5% em relação a 2022. “O mercado sofre hoje tanto com a retomada das pessoas à rotina de vida quanto com as questões econômicas. Nós passamos por problemas de câmbio, alta de inflação e de juros, e tudo isso incide sobre a demanda de um produto que é secundário dentro da cesta básica”, diz.
Ele aponta que a escalada da taxa de juros também representou aos varejistas um gasto financeiro maior para formação de estoques. O maior custo, somado a um giro de estoque lento e à queda do consumo, levou o varejo a passar por um desabastecimento nos últimos meses. “Estamos falando de um produto que fica em média seis meses nas prateleiras, então ele se torna muito caro com uma taxa de juros maior”, diz. Com o arrefecimento da inflação e o início de cortes na taxa Selic, segundo Galtaroça, a recuperação de estoques foi iniciada ao final de 2023. A expectativa é de que a recuperação acelere nos próximos meses, devido à sazonalidade do período que antecede o inverno.