Em 1876 no Estados Unidos – sete anos antes da Ponte do Brooklyn ser aberta ao tráfego em 1883 – o engenheiro-chefe da obra, Washington Roebling, buscava um fluxo de receitas adicionais para compensar os gastos extras com a estrutura que elevaram os custos da construção para US$ 15 milhões, valor que equivale a aproximadamente US$ 370 milhões hoje.
Pegando o projeto de seu falecido pai, John Roebling, o engenheiro conhecia a ponte por dentro e por fora – o que significa que ele conhecia todo o potencial da ponte que outros podiam não ver, figurativa e literalmente.
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Ao notar que o ambiente formado dentro dos arcos da ponte eram escuros e mantinham uma temperatura constante por volta dos 15°, Roebling entendeu de onde poderia vir parte do dinheiro extra que precisava.
Assim, Washington Roebling fez um acordo com o proprietário de uma loja de vinhos do Brooklyn, a Rackey’s Wine Company, que usou as abóbadas na base da ponte do Brooklyn como uma adega para armazenar seu inventário – ali ele guardava o principal entre seus produtos, o local era o esconderijo ideal para seus Champagne Pol Roger.
Já do lado de Manhattan, a Luyties & Co foi a agraciada com uma adega. O movimento, além de gerar algum dinheiro para a construção, serviu para apaziguar os ânimos de duas empresas que tinham visto suas instalações de armazenamento serem demolidas para a construção da ponte.
As adegas tinham a capacidade de armazenar mais de cinco milhões de garrafas cada. Por ter virado um labirinto devido ao tamanho, para ajudar na localização receberam nomes de ruas francesas como Avenue Les Deux Oefs e Avenue Des Châteux Haut Brion e pinturas que lembravam vinhedos europeus.
Outros locais sob a ponte foram abertos e alugados a comerciantes que armazenavam diversos produtos que se beneficiavam da atmosfera fresca das construções. Alguns registros mostram aluguéis que variavam dos US$ 500 aos US$ 5.000 dependendo do espaço e da localização, sendo o lado de Manhattan até dez vezes mais cara que o outro extremo no Brooklyn.
Por cerca de 40 anos o local foi utilizado inclusive para degustações de vinhos, até que na década de 1910 um forte movimento de moderação alcóolica tomou conta dos Estados Unidos e culminou na 18ª emenda e a chamada Lei Seca que proibiu a produção, comercialização e consumo de bebidas alcóolicas.
A legislação perdurou até 1933 quando os comerciantes retomaram parcialmente as adegas sob a ponte, porém com a chegada da Segunda Guerra Mundial, o local deixou de abrigar o comércio de vinho.
Hoje em dia os locais são utilizados pela prefeitura de Nova York para armazenar equipamentos de manutenção e poucos são os sortudos que podem vagar por esse labirinto e ver a história que ali está escrita.
Crédito da foto do topo: Dark Cyanide