Você já ouviu falar nos vinhos laranjas? São vinhos cuja coloração é mais alaranjada, lembrando ouro antigo e âmbar. Sua característica principal é a maceração de uvas brancas, que pode se estender por dias ou meses. Esse tipo de processo tradicionalmente é somente usado na produção de vinhos tintos.
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Esse tipo de vinho nasceu na Geórgia, recebendo o nome de “vinho âmbar”. Essa coloração deve-se ao contato maior do líquido com as cascas das uvas. Muitos não gostam que seja chamado de “laranja”, pois dá margem para ser associado à fruta de mesmo nome.
Não há regras específicas para a produção desse tipo de vinho. Alguns produtores usam práticas naturais, orgânicas e até mesmo biodinâmicas. Pode conter leveduras indígenas (da própria uva) e mínima quantidade de conservantes. Alguns produtores ainda realizam a fermentação sem controle de temperatura, em antigas ânforas de barro. Porém, não é necessário que ele amadureça nessas ânforas para ser considerado um vinho laranja.
O italiano Josko Gravner, considerado o “pai” dos atuais vinhos laranjas, que retomou a técnica de fermentar os vinhos em kvevris, ânforas georgianas de argila em forma oval. No entanto, seus vinhos são fermentados nas ânforas e amadurecem em barricas. Outros produtores, além das tradicionais ânforas, também utilizam barricas de carvalho e tanques de cimento.
As técnicas ancestrais de vinificação foram resgatadas pela Geórgia, mas sua produção vem se espalhando com mais força pelas regiões vitivinícolas do norte do Mar Adriático, com destaque para a Eslovênia, a Croácia e a Itália.
A degustação de um vinho laranja vai além do que aprendemos nas aulas. Devemos levar em conta que são vinhos peculiares, de personalidade forte e heterogêneos, que podem apresentar aspecto turvo. As notas olfativas podem causar estranheza em um primeiro momento, remetendo a mel, casca de laranja seca, amêndoas, nozes, frutas maduras, toque oxidado, ervas, caramelo, amanteigado e alguma nota química.
No paladar, podem ser encontrados viscosidade, frescor, notas cítricas evoluídas, mas também um pouco de taninos, assim como em um vinho tinto mais leve. A austeridade do vinho laranja é outro ponto comum. O amargor, considerado por muitos um defeito, é quase unânime e, nesse caso, se dá pela vinificação, e não por falha no processo.