Algumas perguntas sobre vinho são sempre feitas. Ed McCarthy e Mary Ewing-Mulligan, autores de Wine for Dummies, perceberam que ao auxiliarem clientes em lojas de vinhos, eles acabam ouvindo sempre as mesmas perguntas. Provavelmente algumas delas você mesmo deve ter. Confira abaixo as dúvidas e as respostas dos autores do livro.
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1. Qual é o melhor vinho?
Essa possivelmente deve ser a mais perguntada entre todas. Geralmente, o vendedor responde utilizando outras perguntas: “Você prefere tinto ou branco?”, “O quanto você pretende gastar na garrafa?” e “Você pretende servir o vinho com algum prato específico?”. Todas essas perguntas sugerem que o melhor vinho depende do seu paladar e da circunstância. Não existe “o melhor vinho” para todo mundo.
Se você quer beber o vinho certo para si mesmo, precisa primeiro decidir as características que ele deve ter e então, consultar um vendedor.
2. Quando eu deveria beber esse vinho?
Essa também é uma dúvida frequente. A resposta para ela costuma ser sempre a mesma: “A qualquer momento”.
A maioria dos vinhos está pronto para ser consumido quando você o compra. Alguns deles talvez melhorem se você guardá-los por mais ou menos um ano, mas ele não melhorará o suficiente para que você perceba, a não ser que você seja um provador experiente.
No entanto, alguns vinhos finos são a exceção. Eles não apenas se beneficiam com o envelhecimento, mas precisam disso para alcançar o seu potencial de qualidade. Ex.: Barolos, Barbarescos e Brunello di Montalcinos costumam a envelhecer bem por 20 a 30 anos.
3. Vinho engorda?
Uma taça de vinho contém 80 a 85% de água, 12 a 14% de álcool, pequenas quantidades de ácido tártárico e diversos outros componentes. Vinho não contém gordura.
Vinho seco e branco, servido em uma taça, tem mais ou menos 104 calorias, enquanto de vinho tinto costuma ter por volta de 110. Vinhos mais doces tendem a ter mais 10% de calorias dependendo do quão doces são.
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4. Que variedade de uva fez tal vinho?
A maioria dos vinhos do Novo Mundo (das Américas, Austrália, e outros continentes além da Europa) mostram a variedade de uva na frente do rótulo (ou às vezes atrás). Porém, blends tradicionais europeus normalmente não deixam essa informação muito clara porque a) acham que o nome do fabricante é mais importante que da variedade e b) frequentemente usam uvas que são locais e seus nomes não são tão conhecidos.
Para saber de que uvas são os vinhos Valpolicella, Rioja, Côtes du Rhône, você geralmente precisa pesquisar para descobrir.
5. Qual vinho vintage eu deveria comprar?
Essa dúvida te faz entender que você tem uma escolha entre vários vintage de um mesmo vinho, o que geralmente você não tem. Praticamente todo vinho tem disponível apenas um vintage, chamado de “o vintage atual”.
Para os vinhos brancos, o vintage atual representa uvas que foram colhidas recentemente há 9 meses ou há mais tempo, como 3 anos atrás, dependendo do tipo do vinho. Para os tintos, costuma a ser de 1 a 4 anos atrás.
Pode acontecer de alguma loja possuir vários vintage, mas isso é bem raro, pois esses tipos de vinho costumam a ser produzidos em quantidade limitada e são todos vendidos. Um tinto Rioja ou um Chianti Classico podem parecer ter vários vintage, porém o rótulo precisa ser checado: eles podem ser Crianza (envelhecido 2 anos após o lançamento), Reserva (envelhecido 3 anos) ou Gran Reserva (envelhecido 5 anos). Ou seja, são vinhos diferentes, e não vários vintage do mesmo vinho.
Boa parte das vezes, o vinho vintage que você deve comprar é aquele que você pode comprar, ou seja, o “vintage atual”.
6. Existe vinho sem sulfito?
Ácido sulfuroso faz parte da composição natural do vinho, resultado da fermentação. Ele também está presente em outros alimentos como pão, biscoitos e cerveja.
As vinícolas costumam a usar sulfito em diversos estágios da fabricação do vinho, pois ele estabiliza o vinho e impede que ele vire vinagre ou estrague por causa do contato com oxigênio. Também ajuda a manter o sabor da bebida.
Pouquíssimos fabricantes de vinho não usam ácido sulfuroso, mas eles existem. Às vezes a garrafa pode ter tão pouco sulfito que não precisa ter o aviso de “contém sulfito” no rótulo.
Se você pretende diminuir o consumo ácido sulfuroso na sua vida, procure por tintos secos ou então vinhos brancos secos. Isso porque os vinhos doces são os que mais contém esse aditivo químico.
7. O que são vinhos orgânicos?
Na agricultura orgânica, existem duas categorias comuns de vinho (estabelecido pelo Departamento da Agricultura dos EUA em 2002):
- Vinhos feitos de uvas crescidas organicamente: esses vinhos vêm de vinícolas certificadas a ter vinhas orgânicas.
- Vinhos orgânicos: esses vinhos tem origem de uvas orgânicas e também são produzidos de forma orgânica, ou seja, sem adição de aditivos químicos (como sulfito) durante a fabricação.
A maioria dos vinhos estão classificados na primeira opção invés da segunda, pois como já foi dito na pergunta anterior, poucos fabricantes deixam de usar sulfito no processo do vinho.
8. O que é um expert em vinho?
Um expert em vinho é alguém que possui um nível alto de conhecimento sobre vinho em geral, incluindo crescimento de uvas, fabricação da bebida, e a variedade de vinho que há no mundo. Ele também tem grande habilidade em degustar vinho.
A maioria das pessoas costumam a se tornar especialistas em vinho estudando, trabalhando na área ou pela experiência de amador. Existem cursos especializados sobre partes específicas desse universo, programas de universidade focados em enologia e viticultura, específicos para quem planeja fazer vinhos – mas que também podem ser científicos demais para os enófilos que só querem curtir a bebida. Atualmente, há diversos testes certificados online para dar títulos a quem se interessa.
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9. Como sei quando posso beber os vinhos antigos especiais que eu tenho guardado?
Infelizmente, para essa dúvida não há uma resposta certa, pois cada rótulo envelhece ao seu tempo. Até mesmo duas garrafas do mesmo vinho, armazenadas da mesma forma, podem ter envelhecimento diferente. Quando você tem um rótulo em mente, pode receber conselhos das segundas maneiras:
- Consultando comentários de críticos como Robert Parker, Michael Broadbent ou Steve Tanzer. Esses três quase sempre citam um tempo sugerido de degustação nos vinhos que avaliam.
- Contatando a vinícola. No caso de vinhos finos e vintages mais velhos, os fabricantes costumam a ficar felizes em dar uma opinião em qual é o melhor tempo de beber o vinho deles.
- Se você tem várias garrafas do mesmo vinho, experimente de tempo em tempo para ver como o vinho está se desenvolvendo. Seu paladar é o seu melhor guia – talvez você prefira mais jovem ou mais antigo, do que os experts.
10. Vinhos antigos requerem manuseio especial?
Vinhos mais antigos podem ficar mais frágeis com o passar do tempo. Para começar, eles não gostam de ser movidos. Se você precisa mover a garrafa, dê alguns dias para descansar antes de abri-la (para Pinot Noir especialmente).
Além disso, vinhos antigos também podem ter seu gosto apagado com alimentos mais pesados em sabor. Para harmonizar com esse tipo de vinho, as melhores escolhas são pães, queijos ou cortes simples de carne.
Lembre-se também de não esfriar demais o vinho, sendo ele branco ou tinto. Eles costumam a se apresentar melhor em temperaturas moderadas.
Use um decanter para tintos ou vinho do Porto vintage, para separar os sedimentos que foram formados na garrafa. Deixe a garrafa virada para cima por dois ou três dias antes de abri-la, para que os sedimentos fiquem no fundo. Um cuidado importante é não aerar demais o vinho, pois assim ele pode deteriorar mais rápido, o que pode acontecer até em meia hora. Portanto, quando decantar um vinho antigo, beba imediatamente.
Fonte: Wine for Dummies, escrito por