O vinho está fortemente ligado às principais religiões, não só no Brasil, mas no mundo inteiro. Ele está presente em vários rituais religiosos, como em duas das três religiões abraâmicas, no cristianismo e no judaísmo. Já o islamismo não permite o consumo de bebidas alcoólicas.
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No cristianismo, o vinho representa o sangue do Jesus. E no judaísmo, a bebida milenar aparece constantemente no Antigo Testamento (somente o Livro de Jonas não menciona o vinho) e, de acordo com seus seguidores, a primeira visão do que seria a “Terra Prometida” foi um cacho de uvas.
Vinho no catolicismo
O vinho é um símbolo importante no catolicismo, pois tem uma ligação forte com Jesus. Além de transformar a água em vinho, por causa da Última Ceia o vinho ainda representa o sangue de Cristo.
Durante sua última refeição, Jesus comeu um pedaço de pão e então bebeu um cálice de vinho, levantando-se e falando aos apóstolos “Este é meu sangue”. É daí que surgiu a Eucaristia, o momento mais importante da missa. Nele, o padre personifica o Cristo, onde o pão representa o corpo e o vinho o sangue, e repete as palavras proferidas durante a Santa Ceia.
Para essa celebração, utiliza-se um vinho especial, o chamado vinho canônico. Geralmente, o vinho utilizado nas missas tem alto teor alcoólico, por não ser guardado em local refrigerado e também para mantê-lo íntegro por mais tempo, já que é consumido aos poucos.
Alguns católicos ainda seguem certas tradições, como noivos bebendo três goles de vinho, na mesma taça, durante a cerimônia de casamento. Cada gole representa respectivamente o Pai, o Filho e o Espírito Santo. No batismo, as crianças recebem uma quantidade mínima de vinho e pão.
Vinho no judaísmo
Na religião judaica, o vinho tem um significado completamente diferente, apesar de também ser importante. Na Bíblia conta que, após descer da arca, Noé plantou uma videira para celebrar a vida, e desde então, o vinho simboliza a alegria. Para os judeus, a bebida é uma forma de bênção e é consumido em diversas ocasiões.
Na Páscoa (Pessach), devem ser tomados quatro cálices; nos casamentos, dois; e nas circuncisões, um. O início do Sabbath (depois do pôr-do-sol da sexta-feira) é marcado por uma taça de vinho, assim como na cerimônia de Kidush (bênção recitada sobre o vinho para santificar o Sabbath ou outra festa judaica) e na Havdalah, que assinala o final do Sabbath. Mas não é só nas alegrias que o vinho é lembrado. Nos antigos funerais, um “cálice de consolação”, composto por dez taças de vinho, era servido aos parentes mais próximos do falecido.
Os vinhos e demais alimentos consumidos pelos judeus, especialmente pelos mais ortodoxos, têm que ser kosher (kosher quer dizer apropriado em hebraico). Para um vinho ter certificado de “bebida kosher”, é necessário que alguns critérios de produção sejam obedecidos:
- Não é permitido que sejam usados frutos nos três primeiros anos de plantio da videira. Apenas a partir do quarto ano é que eles estarão aptos a produzir um vinho “puro”.
- A cada sete anos, o vinhedo precisa de um ano de descanso.
- Desde o momento em que as uvas são prensadas até o engarrafamento do vinho, o caldo não pode ser tocado por ninguém que não seja judeu.
- Todas as substâncias utilizadas na fabricação da bebida também devem ser kosher.
- Todo processo deve ser acompanhado por um rabino, afim de garantir o cumprimento das leis.
Referência: Adega