É exatamente o que o nome dá a entender: vinhos vulcânicos são aqueles elaborados a partir de uvas cultivadas em solos de origem vulcânica. São solos encontrados na cercanias de vulcões ativos, adormecidos ou extintos.
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As características desse tipo de solo são únicas na natureza, e por mais que pareça um mero detalhe, quando se trata de agricultura, os componentes e minerais presentes no solo possuem uma influência extremamente significativa na qualidade das espécies vegetais nele cultivadas.
O solo vulcânico
Os solos de origem vulcânica são muito escuros – quase negros – e são ricos em nutrientes como magnésio, cálcio, sódio, ferro e potássio, vindos não dos depósitos de lava em si, mas da ação da água que “passa” por esses depósitos, irrigando a terra e carregando todos esses compostos para o solo e infiltrando-os. Além disso, a porosidade das rochas vulcânicas faz com que elas consigam estocar muita água, que é liberada gradual e constantemente para a terra, garantindo uma ótima irrigação natural até em épocas de seca. Assim, as raízes das plantas se mantêm sempre ativas e bem nutridas. As vinhas, suas uvas (que normalmente apresentam bastante concentração) e, consequentemente os vinhos, acabam sendo influenciados.
As características dos vinhos vulcânicos
Vinhos vulcânicos podem ser bem diferentes entre si quando se trata de texturas, aromas e sabores. Isso porque os tipos de minerais acumulados variam de uma região à outra, bem como o clima e o regime de chuvas. Em conjunto, todos esses fatores é que dão características exclusivas às uvas e, consequentemente, ao vinho.
Dessa forma, não é possível classificá-los como se fossem iguais. Apesar de todos terem um toque “mineral”, em suas composições, a quantidade de cada componente faz diferença. Na região de Soave, na Itália, por exemplo, o solo possui mais argila do que a maioria dos demais solos vulcânicos, o que confere estrutura e longevidade aos vinhos brancos produzidos nele.
Regiões que produzem vinhos vulcânicos
- Leste da Sicília, Itália: região próxima ao vulcão Etna, ainda ativo. Produz uvas tintas das variedades Nerello Capuccio e Nerello Mascalese.
- Campania, Itália: nas cercanias de Nápoles, também na Itália, encontra-se o vulcão Vesúvio. Ali, são cultivadas vinhas desde antes do nascimento de Cristo.
- Tokaj, Hungria: situada ao nordeste do país, a região de Tokaj teve intensa atividade vulcânica no passado. O resultado é um solo riquíssimo em minerais, onde é produzido o vinho Tokaj, um dos mais famosos do mundo, reconhecido por seu sabor e longevidade únicos. Não é à toa que o rei Luís XV batizou os vinhos da região como “o rei dos vinhos ou o vinho dos reis”.
- Ilha Norte, Nova Zelândia: nessa região, a combinação de solos vulcânicos, chuva abundante, verões quentes e invernos bastante suaves resulta em colheitas extremamente abundantes e vinhos de sabores incríveis.
- Lanzarote, Ilhas Canárias: a ilha de Lanzarote, uma das que compõe o arquipélago de Canárias, território pertencente à Espanha, também é conhecida pela produção de vinhos vulcânicos. O vulcão Teíde cobriu de lava um terço da ilha após uma erupção. Hoje em dia, a região é conhecida pela produção de vinhos doces elaborados com uvas do tipo Malvasia.
Referências: Adega, Famiglia Valduga