Algumas técnicas antigas de abrir vinho são incomuns comparadas à praticidade de um saca-rolhas hoje em dia, embora ainda sejam utilizadas em momentos especiais. Uma dessas tradições surgiu no século XVIII, quando garrafas de vinho do Porto eram abertas com o auxílio de fogo.
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Para fazer isso, utilizavam pinças de ferro, chamadas de tenazes. Naquela época, os lordes ingleses (a Inglaterra era a principal consumidora) costumavam a apreciar Portos envelhecidos, extremamente longevos. Assim, criou-se essa forma de retirar as rolhas (que muitas vezes estavam deterioradas) da garrafa sem o uso de um saca-rolha e, consequentemente, evitando o esfarelamento da cortiça no líquido.
As tenazes são aquecidas em uma chama até ficarem com suas pontas vermelhas e, depois disso, mantidas em volta do gargalo logo da garrafa abaixo da rolha. Em seguida, as pinças são removidas e algo frio – um pano mergulhado em gelo, por exemplo – é segurado em volta do pescoço. A mudança de temperatura faz com que o vidro quebre e a parte de cima possa ser removida.
Após a retirada, o vinho costuma ser decantado e filtrado. Isso porque safras antigas de Vinho do Porto tendem a conter bastante sedimento, e o filtro também garante que nenhum pedaço de vidro quebrado possa ser ingerido.
Esse método ainda hoje é usado, especialmente em restaurantes tradicionais da Europa, que possuem safras antigas de Porto em suas cartas (ou então recebem clientes que as levam para serem degustadas).
Esse método, tradicional para o Vinho do Porto, contudo, pode ser usado para outros tipos de vinho também. Há sommeliers que o utilizam quando percebem um estado mais ressecado da rolha (que possivelmente despedaçaria ao ser aberta com saca-rolhas).
Ainda assim, mesmo que partes da rolha não caiam no líquido, indica-se filtrar para evitar que qualquer resquício de vidro possa ter involuntariamente ficado na bebida.