A safra de uvas de 2023 na Itália enfrentou desafios climáticos como chuva, seca, anticiclone; as vezes mais de um ao mesmo tempo. Isso afetou diretamente o volume de uvas colhidas, mas, felizmente, não comprometeu a qualidade. Dados preliminares indicam que a produção de vinhos deve ficar abaixo dos 40 milhões de hectolitros, pela primeira vez em 80 anos.
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As informações da Unione Italiana Vini, Ismea e Osservatorio Assoenologi revelam uma queda média de 20 a 24% na produtividade de uvas em comparação com 2022. As variações regionais são notáveis: o sul do país registrou uma queda de 38,2%, a região central, 29,5%, e a região norte, cerca de 9,5%.
As intensas chuvas em maio e parte de junho, que chegaram a inundar vinhedos na Emiglia-Romana, mantiveram os produtores em alerta máximo contra o míldio. Posteriormente, as temperaturas subiram drasticamente, ainda com umidade presente. Em algumas partes da Sicília, quase 50% dos vinhedos foram afetados por fungos.
“Por aqui o que tivemos foi calor e seca nos meses finais de maturação, e a nossa região depende também da neve para as reservas hídricas e nevou pouco no começo do ano”, explicou Silvano Pasquero Elia, enólogo e proprietário da Azienda Agricola Paitin, em Neive, na região produtora de Barbaresco, no Piemonte. “Tivemos menos de 180mm de chuvas no verão, enquanto na vizinha região de Barolo choveu mais de 400mm, assim as perdas por lá foram bem menores”, disse o enólogo.
Apesar das óbvias mudanças climáticas, alguns fenômenos que ocorreram também são cíclicos. O anticiclone Bacco, por exemplo, sopra em alguns anos trazendo o calor africano para as terras italianas. Em setembro ele fez as temperaturas subirem muito, para acima dos 40 graus em algumas partes do país.
“Tivemos que proteger o solo com humus, quase não fizemos desfolha para proteger os cachos e utilizamos um mineral branco para refletir a luz solar. Assim, conseguimos uma produção de excelente qualidade, complexidade e frescor embora 40% menor do que no ano passado”, contou Silvano Pasquero. A declaração do enólogo só repercute o que disseram as autoridades das instituições do vinho italiano, que em anos desafiadores como 2023, a qualidade dos vinhos realmente depende muito da expertise dos produtores, enólogos e agrônomos.
Diante dos desafios climáticos na colheita de uvas de 2023 na Itália, é crucial reconhecer a necessidade urgente de práticas sustentáveis. O compromisso com a sustentabilidade não é apenas uma resposta às crises imediatas, mas uma salvaguarda necessária para as gerações futuras e para a estabilidade ambiental global.