Essa história pode parecer esquisita ou duvidosa, mas ela é verdade. O vinho já foi sim usado como remédio para a malária.
Talvez você já tenha ouvido falar dos vinhos “de quina” ou “quinados”. Pode ter sido algum Vinho do Porto com esse termo ou um Barolo com nome Chinato. Quem já provou algum deve ter percebido que não são vinhos comuns. Isso porque são feitos com a maceração e infusão de ervas, em especial a quinina.
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O vinho quinado é um vinho licoroso, ao qual se adiciona uma pequena quantidade de quinina, substância extraída da casca seca da árvore amazônica Cinchona officinalis (ouquineiras ou quinquinas).
Segundo o historiador Joaquim Guimarães, o vinho quinado já era usado na América Latina antes mesmo da colonização. Os índios logo perceberam que a quinina poderia ser usada no tratamento da malária, doença que se acredita ter sido trazida pelos colonizadores europeus.
Assim, a quinina ganhou fama e era consumida especialmente pelos ingleses, mesmo os que não apresentavam sinais de malária. “O hábito inglês de tomar quinina como precaução profilática contra a malária acabou se desenvolvendo na gim tônica – o gim era considerado necessário para tornar palatável a amargosa quinina”, apontam Penny Le Couteur e Jay Burreson no livro “Os Botões de Napoleão – As 17 Moléculas que Mudaram a História”. Contudo, não foi somente no gim que a quinina passou a ser misturada.
Dessa forma, produtores de Vinho do Porto passaram a produzir Quinados, misturando quinina e outras ervas na bebida. Recentemente, algumas vinícolas voltaram a produzir esse tipo de vinho, como forma de resgatar sua história centenária.
Diz-se que o Barolo Chinato foi criado no fim do século XIX por Giovanni Cappellano, um farmacêutico cuja família possuía vinhedos em Serralunga d’Alba. Além da casca da Cinchona officinalis, o vinho costuma receber ainda raiz de genciana, camomila, cardamomo, cravo, entre outras especiarias.
Cada produtor geralmente tem sua receita própria. Nomes como Cappellano e Cocchi são os mais famosos desse estilo embora muitas casas como Barale, Ceretto, Cordero di Montezemolo, Marchesi di Barolo, Pio Cesare, Vajra etc., também produzam.