A cultura vinícola é uma parte importante da Grécia há mais de quatro milênios. O vinho era a principal bebida dos gregos e também participava de sua economia.
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O vinho surgiu na Grécia através do comércio com o Egito Antigo. Os egípcios apresentaram à civilização minóica os seus métodos de produção de vinho e foi assim que iniciou-se a vinicultura na região. Uma das primeiras prensas de vinho conhecidas foi descoberta em Palaicastro, em Creta, de onde acredita-se que os micênicos tenham difundido a viticultura para outros no Mar Egeu e, possivelmente, para a Grécia continental.
A importância do vinho
Além da importância do vinho como produto comercial, ele também servia a propósitos religiosos, sociais e medicinais na sociedade grega. Vários festivais eram realizados ao longo do ano em homenagem ao deus do vinho, Dionísio. A mitologia grega diz que Dionísio deu uma festa no Monte Olimpo e convidou os sentidos humanos (paladar, olfato, visão, audição, tato) para o evento. Todos os convidados estavam felizes, desfrutado os prazeres da bebida. A Visão estava enaltecida pela cor do líquido, o Olfato encantado com o aroma, e assim por diante. Todo mundo exceto a Audição, que não desfrutava nenhum prazer. Para contemplar seu convidado, Dionísio então propôs que batessem seus copos uns contra os outros, tilintando o que viria a ser a “música daqueles que gostam de vinho”.
O uso medicinal do vinho foi estudado com frequência pelos gregos, inclusive Hipócrates, que fez uma extensa pesquisa sobre o assunto. O vinho foi usado como uma cura para as febres, para facilitar a convalescença e como um anti-séptico. Vários tipos da bebida foram prescritos por médicos para uso como um analgésico, diurético, tônico e digestivo. Os gregos também sabiam de alguns efeitos negativos sobre a saúde, especialmente aqueles decorrentes do consumo de vinho além da moderação.
Como eles bebiam?
O estilo mais comum de vinho na Grécia antiga era doce e aromático, embora vinhos mais secos também fossem produzidos. A cor variava do preto escuro e escuro até o quase claro. A oxidação era difícil de controlar, uma falha comum do vinho que significava que muitos vinhos não mantinham sua qualidade além da safra seguinte. No entanto, os vinhos que eram bem armazenados e envelhecidos eram altamente apreciados. Hermipo (poeta cômico grego) descreveu os melhores vinhos maduros como tendo um buquê de “violetas, rosas e jacintos”.
O vinho quase sempre era diluído, geralmente com água (ou neve, quando o vinho era servido frio). Os gregos acreditavam que apenas os bárbaros bebiam vinho puro ou não diluído e que o rei espartano Cleomenes I uma vez ficou louco depois de beber vinho dessa maneira. Eles acreditavam que o vinho não diluído poderia causar cegueira, problemas de sanidade, e outras patologias.
Platão recomendava que, quem chegasse aos 40 anos, uma expectativa de vida improvável para a época, buscasse no vinho a cura para os males intratáveis da velhice.
Outro costume comum na Grécia Antiga era que anfitrião tomasse o primeiro gole de vinho, de maneira a provar para seus convidados que a bebida não estava envenenada. Os gregos normalmente comiam pão embebido em vinho diluído ao levantar-se, como uma espécie de café da manhã. Além disso, antes de beber, algumas gotas eram derramadas no chão como oferenda aos deuses.
Atualmente, a produção de vinho no país passou por enormes melhorias, principalmente com investimentos em modernas tecnologias de vinificação. O que torna o vinho grego atual tão único e complexo são as mais de 300 variedades de uvas nativas cultivadas no país, algumas, desde os tempos antigos. Entre as principais castas típicas encontram-se a Agiorgitiko, Athiri, Malagousia, Assyrtiko, Roditis, Xinomavro e Moscofilero.
Referências: Tintos e Tantos, Mistral, Wikipédia, Só História