Devido ao avanço das técnicas e da tecnologia, podemos desfrutar atualmente de vinhos cada vez melhores e mais variados. Embora algumas técnicas ancestrais tenham sido preservadas ao longo do tempo, algumas permanecendo praticamente inalteradas desde sua origem, muitas evoluíram e outras novas surgiram, revolucionando a forma como o vinho é produzido.
Ao longo dos séculos, muitas inovações e descobertas tiveram um impacto significativo na produção de vinho, abrangendo desde o cultivo da videira até o processo de fermentação, comércio e degustação.
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A seguir, está listado algumas das técnicas e tecnologias que têm transformado ou continuam a transformar a forma como o vinho é produzido:
1 – Pasteurização
O processo de pasteurização foi desenvolvido pelo cientista francês Louis Pasteur na década de 1860 e teve origem em uma demanda da indústria vinícola. Os produtores de vinho estavam preocupados com a rápida deterioração de suas bebidas e buscavam uma solução para evitar esse problema.
Pasteur realizou experimentos aquecendo o vinho a 60°C por alguns minutos e depois resfriando-o. Ele observou que os microrganismos presentes na bebida não mais se multiplicavam, permitindo que o vinho se mantivesse íntegro por mais tempo. Esse processo, desenvolvido e observado por Pasteur, foi revolucionário na época e teve um impacto não apenas na indústria do vinho, mas em várias áreas.
Um dos outros campos afetados foi a medicina, pois a descoberta da importância da higiene para evitar a propagação de doenças teve implicações significativas. Com o tempo, entretanto, foram descobertas outras maneiras de preservar o vinho sem a necessidade de pasteurização.
2 – Barricas de carvalho
O surgimento das barricas de carvalho foi um marco importante no desenvolvimento da história do vinho. Acredita-se que os romanos tenham sido os primeiros a fabricar barricas em grande escala, alguns séculos depois de Cristo, influenciados pelo contato com os gauleses. Antes disso, o transporte e o armazenamento do vinho (e de outros líquidos) eram feitos em ânforas de barro frágeis. As barricas, maiores e mais resistentes, revolucionaram a logística da época.
Além disso, ao longo do tempo, descobriu-se o efeito da interação do vinho com a madeira, e mesmo com o surgimento das garrafas de vidro para o armazenamento, os produtores continuaram (e continuam) a usar as barricas, seja para fermentação, seja para amadurecimento do vinho, dependendo do estilo desejado.
3 – Seleção mecânica de uvas
Ao longo da história, os produtores sempre se dedicaram a escolher cuidadosamente cada cacho e cada grão em perfeito estado, visando alcançar a excelência na produção de vinho. No entanto, com o avanço da tecnologia, esse processo passou por melhorias e agilizações significativas.
Antes, uma seleção criteriosa exigia a participação de vários trabalhadores treinados. Contudo, atualmente, temos à disposição máquinas de alta tecnologia que desempenham essa função de maneira ainda mais eficiente e rápida do que os seres humanos.
4 – Análise de solo
O processo de análise do solo passou por grandes avanços que revolucionaram a vitivinicultura. Diferentemente do passado, em que essa análise poderia levar semanas ou até meses, hoje é possível obter resultados precisos em apenas alguns dias, e até mesmo em questão de segundos.
Esses estudos minuciosos permitem mapear cada milímetro do vinhedo, proporcionando informações precisas sobre as características do solo. Dessa forma, os produtores podem tomar decisões embasadas para obter a melhor resposta possível com as uvas plantadas. Essa abordagem cuidadosa e detalhada contribui para otimizar a qualidade das uvas e, consequentemente, a produção de vinhos de excelência.
5 – Tampa de rosca
As tampas de rosca, conhecidas como screwcaps, surgiram tardiamente na indústria do vinho, apenas no final dos anos 1950, embora sua patente já existisse há mais de um século. Apesar de oferecerem praticidade no momento de servir e preservar o vinho, as tampas de rosca não conquistaram uma dominação completa no mercado, como alguns poderiam imaginar.
No entanto, sua introdução foi um marco singular de evolução na indústria vinícola, pois teve um impacto não apenas nos consumidores, mas também nos produtores das tradicionais rolhas de cortiça, seus concorrentes. A partir desse momento, os produtores de rolhas de cortiça passaram a desenvolver tecnologias para eliminar defeitos, como o famoso TCA (ou bouchonné), que causavam preocupações tanto para os produtores quanto para os consumidores no momento de abrir uma garrafa.
Embora as tampas de rosca estejam se tornando cada vez mais comuns, elas e as rolhas de cortiça parecem destinadas a coexistir, e a discussão sobre sua eficácia provavelmente continuará por mais algum tempo. Ambas as opções têm seu espaço e continuam a ser objeto de debate entre os apreciadores de vinho e os profissionais da indústria.